sexta-feira, 22 de junho de 2007

Ipanema dá vida a novo gênero de banca de jornais e revistas

Eliene Rocha

Banca de jornais e revista é algo extremamente comum, em toda rua tem uma ou duas, e até três, isso vai depender do quanto os moradores e frequentadores da região apreciem a leitura. No estabelecimento é possível encontrar quase tudo: cartões telefônicos, pilhas, bala, chiclete, chocolate, biscoito, chinelo, camiseta, e por aí vai. E é claro, revistas e jornais atuais. Até 2004 esse era o habitual. A partir desse ano, na esquina das ruas Jangadeiro com Visconde de Pirajá, no bairro Ipanema, surgiu A Cena Muda, que transformou de vez o cotidiano das bancas. No local são vendidos somente revistas e jornais antigos.
A Cena Muda foi a primeira banca, do estado do Rio, a vender somente impressos antigos. Para abrí-la, a socióloga goiana, com 30 anos de Rio, Adda Di Guimarães realmente mudou a história deste comércio. Legalmente, não era permitido, no estado do Rio de Janeiro, vender revistas e jornais com mais de 20 anos de publicação.
"Quando fui solicitar autorização descobri que não era permitido vender materiais tão antigos, então mandei um email para o prefeito César Maia, explicando a situação e pedido apoio. Ele não só permitiu o meu trabalho como acrescentou uma emenda na lei para que qualquer outra pessoa pudesse ter o mesmo tipo de comércio", relata proprietária da Cena Muda.
A partir daí, ficou estabelecido que bancas do gênero devem vender exemplares com no mínimo 20 anos posterior a data de lançamento.
Ao entrar no local é possível fazer uma viajem ao tempo e se perder em algum lugar entre 1900 a 1980 - período de todo o acervo.
O destaque fica por conta dos periódicos de moda, cinema e teatro, que são a especialidade. É possível encontrar Vogue e Elle dos anos 40 e 50, os primeiros exemplares da revista Cláudia, ou ainda da The New Yorker, Playboy, Grande Hotel, Fon Fon e O Cruzeiro.
Para adquirir tais preciosidades a goiana faz diversas viagens pelo Brasil, América Latina e Europa.
Adda tem uma grande relação de amor com a literatura. Ela é sobrinha-neta da maior poeta de Góias, Cora Coralina, e foi dona do extinto sebo Alpharrabio, que funcionou de 1989 a 1996, também em Ipanema.

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